INTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE GETULIO VARGAS
Fundado em 14 de junho de 1995
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
O exercício da Medicina na região Norte do RS
* Neivo Angelo Fabris
No Brasil, Portugal, França, Espanha, Itália, Bélgica, Polônia, Inglaterra, Argentina, Canadá e Estados Unidos o Dia do Médico é comemorado no dia 18 de outubro. A data foi escolhida por ser dia consagrado a Lucas. Pintor, músico e historiador, considerado um dos mais intelectuais discípulos de Cristo, Lucas teria estudado Medicina em Antioquia. A efeméride é comemorada desde o século XV.
Os registros sobre o exercício da profissão na região de Getúlio Vargas ainda são escassos. Dentre as fontes disponíveis a edição especial alusiva aos 64 anos do município de Getúlio Vargas. Nas vinte e oito páginas do suplemento do semanário A Voz da Serra Getúlio Vargas, que circulou no dia 18 de dezembro de 1998, o registro da atividade médica exercida desde os primórdios da colonização, iniciada há exatos cem anos.
Nos relatórios de Severiano de Souza e Almeida, chefe do escritório da Comissão de Terras da Colônia Erechim, o relato da chegada de um grupo de homens gravemente enfermos, com moléstias contraídas na Amazônia. Todos haviam trabalhado na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, e da sede da colônia seguiram para a então sede do município de Passo Fundo para o tratamento. Este era o destino de todos os que estavam estabelecidos na região e necessitavam de atendimento médico.
Durante anos alguns poucos profissionais da medicina estabelecidos em Passo Fundo, e posteriormente de Boa Vista do Erechim, se deslocavam de trem até Estação Erechim (hoje Estação), e depois para Erechim (Getúlio Vargas). Lideranças locais, reunidas no dia 18 de janeiro de 1925 na sede da Sociedade Italiana fundaram uma entidade beneficente que recebeu o nome de Novo Hospital São Roque. A casa de saúde que havia sido criada anteriormente com o mesmo nome, instalada provisoriamente no salão paroquial havia sido desativada.
A inauguração do hospital totalmente em madeira ocorreu no dia 2 de outubro de 1927 (foto). O trabalho de edificação ocorreu através de mutirão e a confecção dos colchões, travesseiros, fronhas e lençóis pelas mulheres. O primeiro médico da instituição foi o Dr. José Canessa, seguido Epaminandas Greca, Paulo Rossito e José Bruguer. Este último, de nacionalidade austríaca teve destacada atuação nas áreas clínica e cirúrgica, tendo assumido o lugar deixado pelo Dr. Canessa que fundou na Estação Erebango o Hospital Nossa Senhora da Saúde.
Parte das fontes históricas sobre a atividade médica desde o período em que a localidade ainda se chamava Erechim foi preservada pelo Dr. Olavo Walter Padaratz. No acervo coletado desde o período em que era estudante de Medicina, recortes de jornais de Passo Fundo, Boa Vista do Erechim, Caxias do Sul, Cruz Alta e Porto Alegre. Dentre as matérias merece destaque a enviada “via postal” ao jornal O Nacional, de Passo Fundo. Em duas colunas o correspondente local descreve o excelente momento vivido pelo Hospital São Roque no ano de 1933, citando as diferentes cirurgias realizadas.
Neste caderno especial alusivo ao Dia do Médico, a reprodução da lista elaborada pelo Dr. Olavo com o registro do nome dos colegas que exerceram a profissão junto ao Hospital São Roque. Falecido no ano de 2005, aos 80 anos de idade, dos quais cinqüenta dedicados a Medicina, o Dr. Padaratz, como também era chamado, integra a galeria dos homens e mulheres que empregaram seus conhecimentos a serviço da vida.
No Brasil, Portugal, França, Espanha, Itália, Bélgica, Polônia, Inglaterra, Argentina, Canadá e Estados Unidos o Dia do Médico é comemorado no dia 18 de outubro. A data foi escolhida por ser dia consagrado a Lucas. Pintor, músico e historiador, considerado um dos mais intelectuais discípulos de Cristo, Lucas teria estudado Medicina em Antioquia. A efeméride é comemorada desde o século XV.
Os registros sobre o exercício da profissão na região de Getúlio Vargas ainda são escassos. Dentre as fontes disponíveis a edição especial alusiva aos 64 anos do município de Getúlio Vargas. Nas vinte e oito páginas do suplemento do semanário A Voz da Serra Getúlio Vargas, que circulou no dia 18 de dezembro de 1998, o registro da atividade médica exercida desde os primórdios da colonização, iniciada há exatos cem anos.
Nos relatórios de Severiano de Souza e Almeida, chefe do escritório da Comissão de Terras da Colônia Erechim, o relato da chegada de um grupo de homens gravemente enfermos, com moléstias contraídas na Amazônia. Todos haviam trabalhado na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, e da sede da colônia seguiram para a então sede do município de Passo Fundo para o tratamento. Este era o destino de todos os que estavam estabelecidos na região e necessitavam de atendimento médico.
Durante anos alguns poucos profissionais da medicina estabelecidos em Passo Fundo, e posteriormente de Boa Vista do Erechim, se deslocavam de trem até Estação Erechim (hoje Estação), e depois para Erechim (Getúlio Vargas). Lideranças locais, reunidas no dia 18 de janeiro de 1925 na sede da Sociedade Italiana fundaram uma entidade beneficente que recebeu o nome de Novo Hospital São Roque. A casa de saúde que havia sido criada anteriormente com o mesmo nome, instalada provisoriamente no salão paroquial havia sido desativada.
A inauguração do hospital totalmente em madeira ocorreu no dia 2 de outubro de 1927 (foto). O trabalho de edificação ocorreu através de mutirão e a confecção dos colchões, travesseiros, fronhas e lençóis pelas mulheres. O primeiro médico da instituição foi o Dr. José Canessa, seguido Epaminandas Greca, Paulo Rossito e José Bruguer. Este último, de nacionalidade austríaca teve destacada atuação nas áreas clínica e cirúrgica, tendo assumido o lugar deixado pelo Dr. Canessa que fundou na Estação Erebango o Hospital Nossa Senhora da Saúde.
Parte das fontes históricas sobre a atividade médica desde o período em que a localidade ainda se chamava Erechim foi preservada pelo Dr. Olavo Walter Padaratz. No acervo coletado desde o período em que era estudante de Medicina, recortes de jornais de Passo Fundo, Boa Vista do Erechim, Caxias do Sul, Cruz Alta e Porto Alegre. Dentre as matérias merece destaque a enviada “via postal” ao jornal O Nacional, de Passo Fundo. Em duas colunas o correspondente local descreve o excelente momento vivido pelo Hospital São Roque no ano de 1933, citando as diferentes cirurgias realizadas.
Neste caderno especial alusivo ao Dia do Médico, a reprodução da lista elaborada pelo Dr. Olavo com o registro do nome dos colegas que exerceram a profissão junto ao Hospital São Roque. Falecido no ano de 2005, aos 80 anos de idade, dos quais cinqüenta dedicados a Medicina, o Dr. Padaratz, como também era chamado, integra a galeria dos homens e mulheres que empregaram seus conhecimentos a serviço da vida.
(Texto publicado no Guia da Saúde - Especial Dia do Médico, suplemento do semanário A Folha Regional que circulou no dia 16 de outubro de 2009).
III Conferência Municipal da Cultura
No próximo dia 29 de outubro será realizado a III Conferência Municipal da Cultura com o tema "Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento". A participação da direção e integrantes do IHGGV é de extrema importância. Lembramos que o Conselho Municipal da Cultura é presidido por Pedro Antônio Tagliari e pela vice-presidente Anissara Zir, nossos confrades.
Abaixo o Ofício Circular Nº 048/2009 que recebemos.
Cordialmente,
Neivo A T Fabris - Presidente
Of. Circ. Nº 48/09 Getúlio Vargas, 21 de outubro de 2009.
Senhor Neivo Angelo Fabris
M.D. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Getúlio Vargas
O Conselho Municipal da Cultura e a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto, convidam Vossa Senhoria para participar da III Conferência Municipal da Cultura, que se realizará, no Centro Catequético, no dia 29 de outubro de 2009, a partir das 19h e 30min, com o tema “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”.
Contamos com a Vossa presença.
Atenciosamente
Anissara Zir Eliane Maria Granella
Vice-Presidente do Conselho Secretária Municipal de Educação,
Municipal da Cultura Cultura e Desporto
Abaixo o Ofício Circular Nº 048/2009 que recebemos.
Cordialmente,
Neivo A T Fabris - Presidente
Of. Circ. Nº 48/09 Getúlio Vargas, 21 de outubro de 2009.
Senhor Neivo Angelo Fabris
M.D. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Getúlio Vargas
O Conselho Municipal da Cultura e a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto, convidam Vossa Senhoria para participar da III Conferência Municipal da Cultura, que se realizará, no Centro Catequético, no dia 29 de outubro de 2009, a partir das 19h e 30min, com o tema “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”.
Contamos com a Vossa presença.
Atenciosamente
Anissara Zir Eliane Maria Granella
Vice-Presidente do Conselho Secretária Municipal de Educação,
Municipal da Cultura Cultura e Desporto
terça-feira, 13 de outubro de 2009
II Encontro Gaúcho de História e Saúde
» II Encontro Gaúcho de História e Saúde – Fontes e Acervos da Saúde
No dia 27 de novembro o Departamento de História da Universidade Federal de Santa Maria sedia o II Encontro Gaúcho de História e Saúde – Fontes e Acervos da Saúde. O evento é uma promoção do departamento da UFSM junto com o GT História e Saúde/ANPUH-RS e tem as seguintes temáticas: “Historiografia da saúde e da enfermidade”, “Processos de medicalização”, “Cidade, saúde, enfermidade”, “Políticas públicas em saúde e instituições”, “Práticas de cura”, e “Enfermidade, cura e sociedade”.
O envio de resumos de trabalhos para o encontro deve ser feito até 31 de outubro de 2009 para beatriztweber@gmail.com identificados como “resumo história e saúde”. Cada autor pode apresentar apenas um trabalho, que deve constar nome do autor, titulação, filiação institucional e e-mail. O texto deve estar em fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço simples e no máximo 15 linhas.
Os textos finais deverão ser remetidos até 10 de novembro para publicação em CD-ROM identificados como “texto final história e saúde”. As apresentações durarão 10 minutos, seguidas de debate.
Fonte: Museu de História da Medicina do RS.
No dia 27 de novembro o Departamento de História da Universidade Federal de Santa Maria sedia o II Encontro Gaúcho de História e Saúde – Fontes e Acervos da Saúde. O evento é uma promoção do departamento da UFSM junto com o GT História e Saúde/ANPUH-RS e tem as seguintes temáticas: “Historiografia da saúde e da enfermidade”, “Processos de medicalização”, “Cidade, saúde, enfermidade”, “Políticas públicas em saúde e instituições”, “Práticas de cura”, e “Enfermidade, cura e sociedade”.
O envio de resumos de trabalhos para o encontro deve ser feito até 31 de outubro de 2009 para beatriztweber@gmail.com identificados como “resumo história e saúde”. Cada autor pode apresentar apenas um trabalho, que deve constar nome do autor, titulação, filiação institucional e e-mail. O texto deve estar em fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço simples e no máximo 15 linhas.
Os textos finais deverão ser remetidos até 10 de novembro para publicação em CD-ROM identificados como “texto final história e saúde”. As apresentações durarão 10 minutos, seguidas de debate.
Fonte: Museu de História da Medicina do RS.
Exposição 1000 Anos dos Judeus na Polônia encerra na sexta-feira (16)
Prossegue nesta semana a exposição "1000 Anos dos Judeus na Polônia. O evento cultural esta sendo realizado numa parceria do Instituto Histórico e Geográfico de Getúlio Vargas e Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto. Um grande número de pessoas, na maioria estudantes e professores das escolas públicas e particulares do município, e também de cidades vizinhas, já passaram pelo local. A professora Rosmari Krasuski, secretária do IHGGV esta recebendo os visitantes. No registro fotográfico feito na abertura da mostra na manhã do dia 30 de setembro, o Grupo de Danças Polonesas da E.M Antônio Zambrinski. Na outra imagem o prefeito Pedro Paulo Prezzotto e a esposa Margarente, a titular da SMECD, professora Liane Granella, a assessora cultural Janete. E ainda Lisolete Stawinski e Neivo A T Fabris, do IHGGV.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Imigração Judáica - Cemitério preserva a história em Quatro Irmãos
Neivo A T Fabris *
No ano de 1909 a Jewish Colonization Association (ICA) adquiriu no Sertão do Alto Uruguai, território do município de Passo Fundo, a Fazenda Quatro Irmãos com uma área de 93.985 hectares. Criada em Londres pelo Barão Maurício de Hirsch havia 18 anos, a ICA tinha entre seus objetivos a instalação de colônias agrícolas em diferentes países, com a emigração de judeus perseguidos no leste Europeu. Passados cem anos, resistem ao tempo marcas do empreendimento, como o Cemitério Judaico, o prédio que abrigou o Hospital Leonardo Cohen e o nome de ruas da sede do município de Quatro Irmãos em homenagem aos pioneiros.
A primeira leva de imigrantes judeus desembarcou na Estação Erebango no ano de 1911, o lugar mais próximo da sede da Colônia Quatro Irmãos servido pela ferrovia que havia entrado em funcionamento no ano anterior. Na localidade, a empresa manteve nos anos iniciais seu escritório. Até o ano de 1914 havia entrado cerca de 250 imigrantes, grande parte da Bessarábia, região banhada pelo Mar Negro, no Império Russo. E ainda das Colônias Maurício e Filippson, ambas de propriedade da ICA, a primeira localizada na Argentina e a segunda, criada em 1904, em Santa Maria.
Além da empresa colonizadora pertencente a ICA, outros projetos de colonização foram responsáveis pela ocupação da região Norte do RS. No mesmo ano que a ICA adquiriu a área da Fazenda Quatro Irmãos, pertencente ao conselheiro Alves Araújo, o governo do Estado, através da Secretaria de Obras Públicas instalou a sede da Colônia Erechim, que recebeu nos anos seguintes migrantes/imigrantes italianos, alemães, poloneses, russos, franceses e outros. A sede da referida colônia originou a cidade de Getúlio Vargas.
A construção da estrada de ferro ligando Santa Maria a Itararé, que cortou a região, foi vital para os empreendimentos de colonização. A Compagnie Auxiliaire de Chemins de Fer au Brésil, empresa belga que havia arrendado o serviço ferroviário no RS, era presidida por Franz Philippson, sócio da ICA e seu vice-presidente. Boa parte da área da Fazenda Quatro Irmãos era coberta de araucária, e além da sede, que posteriormente foi ligado por um ramal férreo a Estação Erbango, foram criadas duas agrovilas denominadas de Baronesa Clara e Barão Hirsch.
Os imigrantes receberam lotes de 25 a 30 hectares, dependendo do número de membros da família. De igual modo uma casa de madeira, instrumentos agrícolas, junta de bois, duas vacas, cavalo e sementes, que deveriam ser pagos a companhia num prazo de dez a quinze anos. Alguns estudos apontam o fracasso da colonização a origem dos imigrantes, que na sua maioria não eram agricultores. O fato é que grande parte dos que se fixaram em Quatro Irmãos nos primeiros anos do projeto abandonaram a colônia para se fixar em Boa Vista do Erechim, Passo Fundo, Santa Maria e Porto Alegre. Os números da ICA revelam que no ano de 1922 permaneciam na área apenas 55 israelitas.
Novos administradores foram nomeados para Quatro Irmãos e outras tentativas de fixação de imigrantes na terra ocorreram sem sucesso. Enquanto os colonos eram instalados em área de campo, a ICA explorava o potencial madeireiro através de inúmeras serrarias. Sem condições de ampliar as atividades agrícolas, restava aos colonos a opção pela criação de gado, o cultivo do amendoim e da mandioca. Nem mesmo a instalação pela ICA de uma fábrica de azeite a partir da produção de amendoim, e de atafona para produção de farinha de mandioca, viabilizaram a atividade primária.
O número de imigrantes foi caindo até que na década de 1930 cessaram por completo. Na década seguinte a exploração da madeira, facilmente escoada pela ferrovia, teve continuidade. A derrubada contínua e a inexistência de áreas de reflorestamento foi denunciada ao governo do Estado, mas o Delegado Florestal do RS saiu na defesa da companhia. O desmembramento de áreas para venda se intensifica e passa a representar a maior fatia do faturamento, seguida da exploração de matos, operação do ramal férreo, venda de mercadorias em estoques, juros e outras de menor importância.
No ano de 1962 a Jewish Colonization Association (ICA) da por encerrada a tarefa de companhia colonizadora e se retira de Quatro Irmãos. O hospital construído no ano de 1933 para atender a população, e que durante anos também serviu a demanda de pessoas da região deixou de receber a subvenção anual. As escolas existentes na área já haviam sido assumidas pelo poder público desde a década de 1940. A população judia de Quatro Irmãos foi diminuindo ainda mais na medida que a ICA foi sendo liquidada.
Hoje a área inicial da ICA no Alto Uruguai integra o território de diversos municípios como Erebango, Jacutinga, Campinas do Sul Erechim e Quatro Irmãos, este emancipado no ano de 1996. Os eleitores de Quatro Irmãos elegeram seu primeiro prefeito e os integrantes da Câmara empossados em 1º de janeiro de 2001. Em pouco mais de oito anos, os governos e comunidade garantiram inúmeros avanços no campo sócio-econômico.
Em que pese ter no município um diminuto número de descendentes dos imigrantes judeus, muitos pioneiros são homenageados com o nome de logradouros públicos. O antigo hospital, que serviu quando da instalação do município como sede do poder executivo foi tombado como patrimônio histórico e abriga o museu. A Sinagoga e a maioria das edificações em madeira já não existem. Preservado está o Cemitério dos Judeus, que periodicamente é visitado por descendentes daqueles que acreditaram ser possível viver numa nova pátria, sem perseguições e em condições de prosperar.
* Professor, presidente do IHGGV e Editor do semanário A Folha Regional,
(Publicado no suplemento Enfoque, editado pelo jornal Diário Serrano (Cruz Alta) e encartado nos jornais impressos nas oficinas do mesmo, dentre os quais A Folha Regional (Getúlio Vargas).
No ano de 1909 a Jewish Colonization Association (ICA) adquiriu no Sertão do Alto Uruguai, território do município de Passo Fundo, a Fazenda Quatro Irmãos com uma área de 93.985 hectares. Criada em Londres pelo Barão Maurício de Hirsch havia 18 anos, a ICA tinha entre seus objetivos a instalação de colônias agrícolas em diferentes países, com a emigração de judeus perseguidos no leste Europeu. Passados cem anos, resistem ao tempo marcas do empreendimento, como o Cemitério Judaico, o prédio que abrigou o Hospital Leonardo Cohen e o nome de ruas da sede do município de Quatro Irmãos em homenagem aos pioneiros.
A primeira leva de imigrantes judeus desembarcou na Estação Erebango no ano de 1911, o lugar mais próximo da sede da Colônia Quatro Irmãos servido pela ferrovia que havia entrado em funcionamento no ano anterior. Na localidade, a empresa manteve nos anos iniciais seu escritório. Até o ano de 1914 havia entrado cerca de 250 imigrantes, grande parte da Bessarábia, região banhada pelo Mar Negro, no Império Russo. E ainda das Colônias Maurício e Filippson, ambas de propriedade da ICA, a primeira localizada na Argentina e a segunda, criada em 1904, em Santa Maria.
Além da empresa colonizadora pertencente a ICA, outros projetos de colonização foram responsáveis pela ocupação da região Norte do RS. No mesmo ano que a ICA adquiriu a área da Fazenda Quatro Irmãos, pertencente ao conselheiro Alves Araújo, o governo do Estado, através da Secretaria de Obras Públicas instalou a sede da Colônia Erechim, que recebeu nos anos seguintes migrantes/imigrantes italianos, alemães, poloneses, russos, franceses e outros. A sede da referida colônia originou a cidade de Getúlio Vargas.
A construção da estrada de ferro ligando Santa Maria a Itararé, que cortou a região, foi vital para os empreendimentos de colonização. A Compagnie Auxiliaire de Chemins de Fer au Brésil, empresa belga que havia arrendado o serviço ferroviário no RS, era presidida por Franz Philippson, sócio da ICA e seu vice-presidente. Boa parte da área da Fazenda Quatro Irmãos era coberta de araucária, e além da sede, que posteriormente foi ligado por um ramal férreo a Estação Erbango, foram criadas duas agrovilas denominadas de Baronesa Clara e Barão Hirsch.
Os imigrantes receberam lotes de 25 a 30 hectares, dependendo do número de membros da família. De igual modo uma casa de madeira, instrumentos agrícolas, junta de bois, duas vacas, cavalo e sementes, que deveriam ser pagos a companhia num prazo de dez a quinze anos. Alguns estudos apontam o fracasso da colonização a origem dos imigrantes, que na sua maioria não eram agricultores. O fato é que grande parte dos que se fixaram em Quatro Irmãos nos primeiros anos do projeto abandonaram a colônia para se fixar em Boa Vista do Erechim, Passo Fundo, Santa Maria e Porto Alegre. Os números da ICA revelam que no ano de 1922 permaneciam na área apenas 55 israelitas.
Novos administradores foram nomeados para Quatro Irmãos e outras tentativas de fixação de imigrantes na terra ocorreram sem sucesso. Enquanto os colonos eram instalados em área de campo, a ICA explorava o potencial madeireiro através de inúmeras serrarias. Sem condições de ampliar as atividades agrícolas, restava aos colonos a opção pela criação de gado, o cultivo do amendoim e da mandioca. Nem mesmo a instalação pela ICA de uma fábrica de azeite a partir da produção de amendoim, e de atafona para produção de farinha de mandioca, viabilizaram a atividade primária.
O número de imigrantes foi caindo até que na década de 1930 cessaram por completo. Na década seguinte a exploração da madeira, facilmente escoada pela ferrovia, teve continuidade. A derrubada contínua e a inexistência de áreas de reflorestamento foi denunciada ao governo do Estado, mas o Delegado Florestal do RS saiu na defesa da companhia. O desmembramento de áreas para venda se intensifica e passa a representar a maior fatia do faturamento, seguida da exploração de matos, operação do ramal férreo, venda de mercadorias em estoques, juros e outras de menor importância.
No ano de 1962 a Jewish Colonization Association (ICA) da por encerrada a tarefa de companhia colonizadora e se retira de Quatro Irmãos. O hospital construído no ano de 1933 para atender a população, e que durante anos também serviu a demanda de pessoas da região deixou de receber a subvenção anual. As escolas existentes na área já haviam sido assumidas pelo poder público desde a década de 1940. A população judia de Quatro Irmãos foi diminuindo ainda mais na medida que a ICA foi sendo liquidada.
Hoje a área inicial da ICA no Alto Uruguai integra o território de diversos municípios como Erebango, Jacutinga, Campinas do Sul Erechim e Quatro Irmãos, este emancipado no ano de 1996. Os eleitores de Quatro Irmãos elegeram seu primeiro prefeito e os integrantes da Câmara empossados em 1º de janeiro de 2001. Em pouco mais de oito anos, os governos e comunidade garantiram inúmeros avanços no campo sócio-econômico.
Em que pese ter no município um diminuto número de descendentes dos imigrantes judeus, muitos pioneiros são homenageados com o nome de logradouros públicos. O antigo hospital, que serviu quando da instalação do município como sede do poder executivo foi tombado como patrimônio histórico e abriga o museu. A Sinagoga e a maioria das edificações em madeira já não existem. Preservado está o Cemitério dos Judeus, que periodicamente é visitado por descendentes daqueles que acreditaram ser possível viver numa nova pátria, sem perseguições e em condições de prosperar.
* Professor, presidente do IHGGV e Editor do semanário A Folha Regional,
(Publicado no suplemento Enfoque, editado pelo jornal Diário Serrano (Cruz Alta) e encartado nos jornais impressos nas oficinas do mesmo, dentre os quais A Folha Regional (Getúlio Vargas).
Lançamento do livro "História do Sindicato dos Bancários de Carazinho e Região", da sócia correspondente do IHGGV Silvana Moura.
A historiadora Silvana Moura, sócia correspondente do IHGGV, vai lançar em Carazinho, Porto Alegre e Passo Fundo (detalhes no convite) a obra "História do Sindicato dos Bancários de Carazinho e Região". O prefácio foi escrito pelo ex. bancário Olívio Dutra e os comentários por Ney Eduardo Possapp d'Avila, que também é sócio correspondente do instituto local.
domingo, 11 de outubro de 2009
Exposição 1000 Anos dos Judeus na Polôniaa
A exposição 1000 anos dos Judeus na Polônia, criada pelo Instituto Adam Mickiewicz, de Varsóvia, está sendo realizada na cidade de Getúlio Vargas desde o dia 30 de setembro. A iniciativa partiu do IHGGV, que em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, possibilitou sua realizãção. Formada por 60 painéis a mostra permite uma longa viagem no tempo tendo como foco a cultura ocidental judáica vivida na Polônia. No Brasil a exposiçõ está sendo coordenada pelo Consulado da Polônia de Curitiba e já foi realizada em Porto Alegre, São Paulo, Brasília, Erechim e outras. A sugestão feita pelo presidente do IHGGV para a senhora Wanda Groch, Consul Honorária da Polônia para o Alto Uruguai e Missões, para a realização em Getúlio Vargas foi imediatamente aceita. Na abertura da exposição, que está sendo realizada no antigo Banco Meridional, a presença do prefeito Pedro Paulo Prezzotto, do presidente da Câmara, vereador Pastor Domingo, integrantes do executivo e legislativo, confrades do IHGGV e convidados. A exposição encerra na próxima sexta-feira (16).
Na fotografia, a solenidade de abertura da exposição.
sábado, 10 de outubro de 2009
Presença na X Feira do Livro
Parceira na realização da X Feira do Livro de Getúlio Vargas o IHGGV realizou na quinta e sexta-feira (8 e 9) uma exposição das fotografias do acervo. De igual modo dos dezesseis baners com texto e fotografias históricas que mostram os primórdios da Colônia Erechim. O Patrono da Feira do Livro, Pedro Antônio Tagliari esta participando de toda a programação do evento que encerra na tarde de sábado (10).
No registro a professora Rosmari Krasuski Vanzo apresentando o acervo aos visitantes.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
X Feira do Livro de Getúlio Vargas
Realizada pela Prefeitura de Getúlio Vargas e com apoio de diversas entidades a X Feira do Livro foi aberta oficialmente na noite de quarta-feira (7). O Patrono desta edição é Pedro Antônio Tagliari, membro do IHGGV. O evento está sendo realizado no Calçadão da Praça General Flores da Cunha. As publicações do Instituto Histórico e de seus associados estão sendo comercializados no espaço destinado a entidade.
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